Sublimation, Girl!

=D

Wednesday, January 30, 2008

As não-palavras

Fecho os olhos,

Sinto minha respiração,

Silencio o lamento ,

Afogo-me em solidão...

Corro contra o tempo,

Escondo-me no escuro

E mergulho em silêncio

Que agora me parece absurdo.

Sinto em meu rosto o vento,

Fecho a janela para meu tormento,

Invade-me o desgosto...

Fecho cicatrizes com um remendo.

Digo adeus a sua lembrança...

Sinto-me antecipadamente morta.

Diga adeus ao que restou, em vacância...

Viajo então por ruas tortas,

Vejo-me tragicamente procurando portas,

Em vigilância, decifro respostas.

Soletro um não...

Acho meu erro.

Acerto em aposta...

Digo adeus a meu coração.

Em Vão.

02-12-07

4 Comments:

Blogger Where I'm Anymore said...

Que turbilhão de sentimentos!!! Linguagem é algo realmente muito ambíguo. Fala mas nem sempre diz. Muitas vezes diz muito menos que o silêncio. O desafio é como realmente se expressar através delas. Vou dar uma 'fuçada' no seu blog. Mas se você gosta e produz poesia, então deve ser boa pessoa, hehehe. Parabéns!

7:25 PM  
Blogger Thiago Locutor said...

Mais uma vez, e tah ficando cansativo repetir sempre: muito bom.

11:55 AM  
Blogger Where I'm Anymore said...

Olá! Estou passando por aqui para agradecer sua visita em meu blog e lhe dar uma dica (ou seria fazer um 'jabá', hehe?). Aquele texto que você disse gostar é uma letra de uma das bandas mais bacanudas do cenário musical brasileiro, o Violins, lá de Goiânia. Se você gostar de rock, vale a pena conferir o trabalho deles. Eu te indicaria o 'Grandes Infiéis', segundo cd da banda! Disco da vida, hehehe! Vale a pena dar uma chance!

Mais uma vez muito obrigado pela sua vida! Até mais!

5:49 AM  
Blogger Where I'm Anymore said...

Olá menina!

O seu comentário me fez pensar em algumas coisas, o que é algo sempre bacana quando se acontece. Apenas de alguma maneira contextualizando, esse texto de alguma forma, como eu fiz questão de dizer, nasceu da necessidade de tentar exatamente argumentar em sentido contrário a uma idéia que uma amiga minha havia me sugerido, qual seja, a de um ‘amor puro’, utopicamente perfeito, bonito, benevolente. Não que eu esteja negando que ele tenha esse poder, esse potencial, mas é que há outras forças dentro dele - dentre elas o seu par oposto, ou seja, o ódio – que também fazem parte da própria ‘natureza do amor’, por assim dizer e que embora não sejam ‘aprováveis’ vistos de maneira isolada, não são sentimentos exatamente negativos. O amor é bom e mau ao mesmo tempo sem que isso seja um problema. Nem todo ódio, nem toda raiva, nem todo rancor é exatamente negativo, por exemplo, até porque isso indica que ficou algo. E se ficou algo, é porque a experiência mexeu conosco, foi válida a ponto de querermos que ela se prolongasse. Claro que o que eu disse se trata de alguma espécie de ‘filosofia de boteco’, por assim dizer, hehehehe. Os amores, as paixões, sejam elas como se desenvolvem-se são importantes porque no fundo são elas que nos movem, que dão sentido a nossa vida. Pelo menos é nisso que eu acredito, por mais que as decepções machuquem e frequentemente venham a nos derrubar e, inclusive, a repensar na beleza do amor. Mas é esse o movimento, como diria meu querido Pessoa, que ‘pelo processo divino faz a estrada existir’. Dói, mas, mesmo a dor é preferível, no fim das contas ao nada, a insensibilidade total, ao despropósito – por mais que a dor seja algo ‘indesejável’, por assim dizer. Teve uma coisa no seu comentário que eu achei uma sacada sensacional, até mesmo porque eu concordo muito com você: muitas vezes para uma mesma idéia as pessoas partilham significados distintos, acreditando se tratar, em grande parte dos casos, da mesma coisa. Então, por exemplo, eu posso falar com você sobre amor e, realmente, em tese estamos falando sobre um mesmo assunto, embora provavelmente, nossas concepções do que isso seja, da maneira como nos afeta, como desejamos vivenciar isso, se encontre em alguns pontos e se distancie em outros. Mais engraçado do que isso é perceber que existem casos em que se partilham das mesmas concepções sobre um determinado assunto, mas que a ‘base’ na qual essas concepções foram geradas diverge bastante, o que em outro momento posterior gera algum conflito nessas ‘significações’. Essa sua bonita sacada me lembra uma passagem da Insustentável Leveza do Ser, do Milan Kundera, em que determinado momento do romance existe exatamente esse questionamento da significação distinta que damos a uma mesma idéia. Isso acaba de alguma maneira por gerar alguns mal entendidos sim, mas há níveis e níveis de mal entendidos que nem sempre tem necessariamente a ver com divergência entre conceitos mas com o ‘suporte’ da linguagem, com o tipo de comunicação. Essas formas mais ‘monológicas’, como a escrita, são mais problemáticas porque não há aquele duplo ajustamento automático característico de quando estamos em frente a alguém. Claro que há prós em se escrever, como o controle, como a possibilidade de se dizer tudo o que se deseja, da maneira como se deseja sem o ‘constrangimento’ do olhar do outro; por outro lado, há contras, principalmente quando se tenta confrontar o que foi escrito com a performance ‘ao vivo’: tende-se a criar uma relação de incoerência quando nem sempre ela existe de fato. Dizer as coisas é muito mais difícil do que escrever. Pelo menos eu acho. E não é porque está escrito que é menos sincero, mas, na verdade, a escrita é uma forma mais segura de dividir o que se passa no interior. Obviamente que se eu digo isso, é porque no fim das contas esse tipo de situação acontece comigo com alguma freqüência, hehehe. Mas tudo bem. Há apenas um pedaço do que você diz que eu realmente discordo: será que falar de amor com o ser amado é um equívoco? Eu particularmente tendo a achar que não. Pelo contrário: é gostoso! Não sei se você já assistiu ao ‘Antes do Por do Sol/ Antes do Amanhecer’, mas aquilo ali é realmente bacana. Eu acho interessante demais fazer uma espécie de ‘meta-amor’, amar falando do amor. É bacana esse exercício de ver os ‘erros clássicos’ do amor, desconstruir o sentimento para num momento seguinte reconstruí-lo em outras bases. Acho gostoso demais essa coisa do cinismo, de um ‘amor cínico’, em que se sabe tirar sarro, brincar com os clichês (por mais que os clichês sejam excelentes e que o melhor do amor, a meu ver talvez seja aquela sensação de nos sentirmos assumidamente bobos). Falar de amor com quem se ama eu acho que pode ser gostoso. O problema é quando se teoriza demais e a coisa não acontece, percebe? Porque no fim das coisas, o amor se aprende amando. Falar sobre é uma das facetas, uma das partes desse aprendizado. E a outra com certeza é o sentir, o se deixar levar sem constrangimentos. O problema é quando se pensa demais e se sente de menos, como acontece no meu caso. Porque chega um ponto que o pensar atrapalha o que foi feito pra sentir. O pensar, acaba sendo não um ponto de chegada, mas de partida para o sentir. O que não exclui sua importância, é claro, porque não se pode viver 100% de sentir. Ou pelo menos eu acho que não, que o pensar é justamente aquilo que estimula o sentir, o desejo, ou como uma grande amiga minha daqui de BH diz, o tal do ‘tesão mental’. Particularmente eu não consigo conceber nada muito centrado em pólos, como se o pensar e o sentir fossem esferas independentes e que houvesse uma hierarquização de um dos termos. No fim eles estão intimamente ligados, o que se desemboca é sempre o que está entre, um sentimento misto e impreciso. O sentimento mesmo é uma mistura de um conceito com uma sensação e nunca uma sensação pura. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas. Pra você reconhecer uma sensação, você tem que ter uma idéia do que ela seja. Eu tendo de alguma maneira a pensar mais do que sentir, do que agir, é fato, o que é um tanto problemático, porque isso me leva a ser taxado de frio, asséptico, anormal, etc, justo porque eu simplesmente não sei colocar os meus sentimentos numa forma diferente das palavras – o que não significa que eu não sinta! E essa é a charada que fica e que de alguma maneira meus textos procuram dar conta, indicar, etc. Hehehehe. Enfim. Acho que vou ficando por aqui, senão meu fluxo não acaba. Idéia sempre puxa idéia e eu não paro nunca!

Um abração e foi bacana te rever no meu espaço! Espero que a senhorita atualize seu blog! Bom final de ano, ok? Beijos e até mais!

8:23 PM  

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