Sublimation, Girl!

=D

Friday, November 10, 2006

Idealizações

Estive pensando esses dias sobre esse tema, recorrente em nossas vidas ... Muitas pessoas se apegam a um ideal, a uma posição e não conseguem se mover desse lugar, de "colocar pessoas em pedestais" e ficar louvando aquela imagem que não se adeqüa a uma realidade possível, ou ao que as pessoas, nos pedestais colocadas, realmente são.
Se é possível encontrar um verdadeiro amor?! Se o ideal é alguem de olhos claros, pele lisa e sem manchas, não tem dentes tortos, nunca fede, não vai ao banheiro, que usa Armani, malhado, legal, inteligente, ... sim eu diria que é impossível.
O problema é que a maioria dos nossos "verdadeiros amores" vêm vestido do nosso ideal, que nem sabemos se são nossos de verdade. O colocamos numa posição de nossos sonhos e tentamos sem êxito que ele se encaixe nos planos que escolhemos pra nós mesmos, e que de um dia para o outro essa pessoa deixe de sair sozinho, deixe de gostar de futebol, deixe de ter vontades próprias, que não sejam relacionadas a nós, e passe o resto da vida nos olhando. Espera ai?! Não nos apaixonamos por um desligado, que contava piadas, que nos deixava ansiosas por um telefonema e ao encontrá-los nos sentimos nas nuvens, preenchidas por uma falta desse olhar eterno e permanente?!
Somos marcados pela falta e pela busca incessante do preenchimento, mas uma vez que conseguíssemos atingir o inatingivel nos sentiríamos frustrados, correríamos disso , por que provavelmente não saberiamos amar e ser amados de outra maneira.
O amor muitas vezes é difícil para algumas pessoas por que não se sabe amar de maneira saudável e ficam presas em círculos viciosos de crime, culpa e castigo. Não precisa ser assim, é só uma opção.
Aceitar o outro como ele nos apresenta é uma maneira. A mudança é uma fantasia que ao ser satisfeita, esvazia-se no adeus. O fato é que amamos o sujeito como gostaríamos que ele fosse, por que o nosso narcisismo nos impõe uma forma de amar que não tem limites em cobranças e não enxerga as limitações do outro.
Aprender a reconhecer as nossas fantasias é vital para que as nossas relações, que trazem sofrimento, se tornem escolhas mais maduras e saudáveis. Pagar qualquer preço pelo amor, ou atenção de uma pessoa que te faz mais infeliz do que satisfeita e de bem com a vida, não vale a pena, isso sai muito caro . Nos deixamos ser sugados, investimos tanto que ao desfazer o pacto de "eu dou - você recebe" nos sentimos mais vazios e perdidos do que a pessoa que simplesmente recebia todo o nosso investimento.
No amor quem dá mais é o que mais perde com a perda. Reconstruir as bases e redistribuir toda energia dedicada a um ideal pode ser um processo bastante doloroso, afinal um ideal surge desde os nossos primeiros contatos com as formas de amor.Desfazer de um ideal é desfazer de algo aprendido durante toda a nossa vida, até que não aguentamos mais servir a essa cobrança não localizada em nós mesmos até então.
Existem duas opções frente a descoberta de um ideal que traz sofrimento ou nos impede de chegar a uma pessoa que é potencialmente amável.Nos conformamos com algumas perdas, e nos adaptamos a essa pessoa, ou procuramos investir em pessoas com caracteristicas mais afins com o que acreditamos fazer-nos mais felizes. Ninguem muda ninguem.
Algum tempo de análise... Alguem me pergunta se eu desejo mudar alguém. Respondo:Não, jogo fora meu ideal e prefiro aceitar o que se apresenta no real. Ao me despir desse modelo eu quero é ser feliz!...
By myself 10/11/06

5 Comments:

Blogger Thiago Locutor said...

Eu acho que a grande estrutura malvada dos ideais, é sua confusão com os próprios sonhos. Você fala sobre um homem ideal e nesse instante você o veste com aquilo que sonhara ser o “perfeito” para o homem.
E enquanto sonhos, os ideais apresentam duas faces. A primeira, aquela quando sentimos que não podemos alcançar um ideal, seu abandono confunde-se com o sentimento de desgosto de abandonar o próprio sonho. Mesmo que percebamos que a pessoa que estamos buscando não era assim tão perfeita, o caminho que nos conduziu a tomá-la como ideal o fez baseando-se na estrutura daquilo que assumo ser o melhor pra mim. E abandonar isso é extremamente difícil. É o eterno se perguntar “vou abandonar meus sonhos?”, afinal, nesse momento, não percebemos que a ilusão do ideal é que nos confunde os sonhos. Presos nessas correntes do sentimentalismo e da auto-afirmação, sacrificamos parte de nossas atenções, e mesmo a vida, no simples e absoluto contemplar imóvel do objeto desejado. O amor é nesses momentos desvirtuado e se transforma na necessidade viciante do querer.
Por outro lado, quando alcançamos o ideal percebemos ainda mais facilmente que o objeto de desejo se justificava pelo desejo, não nas suas próprias características. E como é natural de todo sonho, fixamos um próximo ideal para lutar. Nesses momentos, o amor é a simples necessidade humana de manter pontos fixos para traçar seus próprios caminhos.
Preso a esse status quo sentimentalista, o amor é incapaz de florescer enquanto uma relação saudável entre as pessoas. Acho que precisamos nos livrar dessas amarras para viver um amor mais simples, mais verdadeiro. Não devemos pensar mais naquilo que é ou, muito menos, o que deveria ser. Sejamos felizes no desejo instintivo e absoluto de estar com alguém que nos faz sentir, imediatamente, apaixonados.

6:41 AM  
Blogger Unknown said...

Bem, é difícil saber onde termina a pessoa e começa a representação que temos da pessoa...Muitas vezes a paixão é mais pela representação, a idéia, do que pela pessoa...Texto muito legal, voltarei mais vezes.

5:51 PM  
Blogger Unknown said...

Sara, vou procurar o texto e depois te digo o que achei. Freud é interessante apesar de em parecer meio suspeito de vez em quando...Não sei, talvez eu apenas não confie em vienenses carecas...Até mais!

12:46 PM  
Blogger Unknown said...

Não achei o texto, mas achei vários textos sobre ele...Muito interessante mesmo! A vinculação entre pensar que sofreu algo a mais e querer ser recompensado com liberdades extras faz bastante sentido...Achei um estudo que fala sobre como cada dia mais se deruzem os representantes das outras categorias (os arruinados pelo êxito e os criminosos por sentimento de culpa)e aumentam os "escolhidos". Legal mesmo, vou ler mais sobre o tema. Até mais.

2:22 PM  
Blogger Unknown said...

Reduzem virou derruzem...Errei feio agora...

2:22 PM  

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